quarta-feira, 18 de março de 2009





Jornal Vicentino - Como foi a sua infância em Brotas?
Daniel - Com certeza a minha infância foi muito feliz. Tinha sim aquela coisa de subir em árvore, jogar bola com os amigos, mas, eu era muito responsável com os meus deveres de casa. Ajudava minha mãe com os afazeres e só depois é que saía para brincar. Me recordo de uma infância feliz, simples, mas feliz. Meu pai era caminhoneiro, viajava bastante e nos finais de semana nós participávamos de concursos musicais. Sempre tivemos uma ligação muito forte com a música. Já minha mãe sempre ficou em casa, cuidando da família e, principalmente do meu irmão mais velho, o Gilmar, que tem paralisia cerebral. É uma pessoa maravilhosa, iluminada, mas que depende da presença constante da minha mãe.

JV - Seu pai o influenciou e influencia bastante na música sertaneja. Quando você se deu conta que poderia ser um cantor profissional?
Daniel - Bem, acho que comecei a cantar na barriga da minha mãe (risos). Comecei mesmo quando criança. Com uns seis anos eu cantava para alegrar meu irmão, o Gilmar, que tem uma certa deficiência e ficava feliz ao me ouvir cantar.
Aí eu ganhei uma violinha do meu pai e comecei a dedilhar os primeiros acordes.
A música estava no sangue e comecei a participar de alguns festivais na região de Brotas, até conhecer o João Paulo. Começou aí uma grande parceria. Nós éramos mais do que parceiros, éramos amigos e irmãos.
No começo, cantávamos nos festivais mesmo. Eram concursos, principalmente os promovidos pelas emissoras de Rádio. Depois, começamos a fazer shows em circos, festividades municipais, até começarem a pintar os shows propriamente ditos.

JV - Como foi o começo no rádio em Brotas?
Daniel - Eu fazia meia hora de programa na Rádio Brotense. O programa era antes da “Voz do Brasil”. Meu professor no rádio foi o senhor Oswaldo Desiderá, o “Cumpadre Tico”. Ele era o principal locutor da rádio e me ajudava a conduzir o programa. Foi um grande mestre.

JV - E como nasceu a parceria com João Paulo?
Daniel - Na verdade o João Paulo era meu rival nos festivais e concursos de música. Ele alternava a parceria com seu irmão, Chico, na qual formavam a dupla José Nery e Nerinho e, com o Mineiro, de Brotas, formando a dupla, Mineiro e Nerinho. Eu cantava sozinho. Aliás, por um curto período fiz dupla com o Adão, pai da Valéria que faz back vocal na minha banda. Todos nos elogiavam até que resolvemos juntar e formar a dupla José Nery e Daniel. Aí vimos que o nome não estava legal, então surgiu João Paulo & Daniel.

JV – Sua carreira começou em dupla e hoje é solo. Tem muita diferença?
Daniel - Com certeza tem muita diferença. A responsabilidade é muito maior. Antes dividíamos as tarefas, dividíamos os momentos bons e os momentos difíceis. Tenho muita saudade do meu parceiro. O João Paulo era mais do que um irmão para mim. Na própria interpretação das músicas eu sinto diferença. Tanto é que, quando vou para o estúdio, gravar um CD, procuro fazer uma segunda voz com bastante ênfase.

JV – Qual a lição que a perda de seu companheiro de dupla João Paulo lhe trouxe?
Daniel - São muitas as lições que aprendemos quando perdemos uma pessoa tão querida, mas a principal é que não podemos perder a oportunidade de dizer às pessoas o quanto gostamos dela. Acho que faltou isso entre eu e o João Paulo. Éramos muito amigos, como já disse, mais do que irmãos. Amigos inseparáveis, mas nunca nos preocupamos em dizer um para o outro o quanto nos gostávamos ou o quanto era bonita a nossa amizade. Simplesmente tocávamos nossa vida. Então, acho que faltou isso. Faltou eu chegar para ele e dizer o quanto eu gostava dele. Mas, se faltou a palavra, o carinho era comprovado a cada gesto nosso. Era uma amizade muito bonita, com respeito um pelo outro, o que era mais importante.

JV - Você é um artista consagrado. Como vê o assédio dos fãs e da imprensa?
Daniel - É algo natural, resultado de um trabalho de mais de 20 anos voltado para os fãs e amigos da imprensa. É natural que eles tenham esse carinho, aliás, eu não chamaria isso de assédio e sim de carinho, que é recíproco, porque procuro tratar a todos da melhor forma possível, dentro das possibilidades, pois às vezes os compromissos não nos permite dar a atenção merecida a eles.

JV - Por ser uma pessoa pública você se preocupa com as causas sociais, até mesmo para dar um exemplo à sociedade. O projeto Daniel Futebol Clube tem cinco anos. Como se deu a idéia de elaborar esse projeto social?
Daniel - Bem, nós participávamos de jogos festivos nos finais de ano, com o Só Pra Contrariar, com o Leonardo, entre outros. Um dia eu e o Hamilton resolvemos fazer uma partida beneficente em Marília, interior de São Paulo. Formamos uma equipe com amigos de Brotas e de Botucatu. A experiência foi tão boa que decidimos criar o Daniel FC. Hoje, já são mais de 94 jogos, com 503 Entidades beneficiadas, R$ 2.171.000,00 arrecadados em bilheterias, 1850 toneladas de alimentos arrecadados, 6 mil cobertores e 500 bolsas de sangue. Toda a arrecadação fica para as entidades da cidade onde fazemos o jogo. Nós não cobramos nenhum tipo de cachê.

JV - Ainda falando sobre projetos sociais, qual o seu envolvimento com a cidade de São Vicente? Como surgiu a oportunidade de contribuir para o Fundo Social de Solidariedade de São Vicente?
Daniel - Surgiu em um show que fiz na cidade no reveillon, e sempre ao final dos shows eu jogo rosas para o público. Nesta ocasião, como se tratava de reveillon e havia um grande público de mais de 100 mil pessoas assistindo ao show, eu me empolguei, tirei a jaqueta que estava usando durante o show e fiz menção de jogar para o público. De repente surgiu a idéia de ao invés de jogar, doar para a primeira-dama e para o Fundo Social de Solidariedade. E como todos sabem, foi realizado um leilão, que arrecadou R$ 60 mil e foi construído um hospital denominado São Camillo em homenagem ao meu sobrenome. Além disso, tenho grandes amigos na cidade, inclusive as próprias autoridades do município. Voltamos a fazer o último reveillon em São Vicente e, recentemente, levamos o projeto Daniel Futebol Clube à cidade, colaborando com o CROI. Enfim, São Vicente é uma das cidades que estão no meu coração.

Este artigo foi publicado em 26/06/06 às 15:42 e está arquivado sob Personalidades. Você pode acompanhar todas as respostas a este artigo através da alimentação por RSS 2.0. Você pode deixar uma resposta, ou criar um trackback do seu próprio sítio.
28 respostas para 'José Daniel Camillo'

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